As mais remotas manifestações artísticas, as pinturas rupestres, tratam da relação íntima entre os seres humanos e os animais. Esses eram reverenciados como companheiros de jornada e alimento sagrado. Antes de cada caçada, sempre havia um ritual propiciatório (que se revela nas pinturas rupestres), no qual os animais eram honrados e reverenciados com a gratidão de todos, pelo alimento que propiciava à vida.
Os tempos eram outros e a grande Mãe Terra - a Madona Negra - reinava absoluta nos corações da raça humana e todos os seres sencientes, incluindo os animais, as pedras, a água, o fogo, o ar que nós respiramos. A palavra de ordem era colaboração, e o Poder era o poder da responsabilidade pelos semelhantes e pela Teia da Vida.
Posteriormente vamos encontrar esta ligação dos animais com o ser humano nos mitos dos Heróis ou como companheiros dos deuses(as), indicando que a associação perdurava e que, da sabedoria e esperteza dos animais, os heróis e deuses(as) retiravam a força de suas hercúleas tarefas. Nos dias de hoje, em que a colaboração foi substituída pela competição e o poder é dominação, cabe pensar onde estamos pondo ou escondendo esta força instintual que arquetipicamente faz parte de nossa herança genética.
Para nós, Xamãs, o Animal de poder - nosso guardião - é o detentor da nossa energia vital. Como força do Inconsciente Coletivo, o poder do animal deve ser reconhecido e domado, caso contrário ele se manifestará na nossa Sombra como comportamentos que nos tomam. O animal aparece bem marcado no biotipo de algumas pessoas. Popularmente ouve-se dizer: " ela parecia uma leoa defendendo os filhotes" ou " é como se um tigre se apoderasse de mim, perdi o controle". Sem contar, é claro, com o que se diz de uma bela e selvagem mulher: - uma tigresa!
Ao conhecermos a força do nosso animal de poder, sua energia fica à serviço da luz e dela recebemos saúde física e psíquica, intuição, reconhecimento e respeito pelo belo animal humano que somos! Nossa espontaneidade brota e abre-se a porta da Criatividade.
Para encontrarmos nosso animal de poder, usamos o toque do tambor, que nos leva a um ligeiro estado alterado de consciência ( E.A.C.X. para Michael Harner ) e entramos em íntima conexão com a memória Xamânica da Humanidade.
Como arquétipo, o Xamã é um padrão de comportamento psíquico pré-existente em todo ser humano. O toque do tambor e a Intenção Clara (determinante da viagem xamânica) nos levam a viver todas as aventuras do Herói Xamã que somos (para Erick Newman, o Xamã é o Herói da Consciência - História da Origem da Consciência - Ed. Cultrix ).
Como companheiro da pré-história e guardião dos heróis, o Animal de Poder é o aliado principal da grande aventura de viver. O toque do tambor traz o Animal de Poder e também o de Cura, Sabedoria e os que necessitamos em determinadas situações específicas. O Animal nos dá a nossa medicina pessoal, que é a forma única de curar e criar.
Ao encontrarmos o nosso Animal de Poder, a energia vital e a criatividade começam a interagir e podemos enfrentar velhos e insolúveis problemas com a sabedoria da "entrega", o grande aprendizado que o Animal de Poder nos lega. Após o seu encontro, estamos prontos para iniciar o caminho do Xamã.
Como passo inicial nesta jornada, precisamos fazer uma viagem de auto-cura. Esta viagem consiste em soltar algum animal que esteja preso. Um dos princípios básicos do Xamanismo é que só podemos realizar curas se buscarmos primeiro o que precisa ser curado em nós.
As doenças, em grande número, são decorrentes da prisão do Animal de Poder. A nossa capacidade de curar, de produzir, de concluir um objetivo, também pode estar bloqueada por uma animal que nos dá a força naquela área e que precisa ser solto e curado. Só após a nossa auto-cura podemos estar a serviço do outro com a força animal, pois além da "entrega", ele nos ensina a humildade de primeiro olhar em nós o que está preso e ferido (o Xamã é Um Curador Ferido) e curar, com a dor da nossa ferida, que nos abre o coração e traz a compaixão por todos os seres sencientes.
Por ser da Pré-História, o Xamã é o próprio arquétipo da auto-cura e precede, portanto, o arquétipo da cura, vivido pelo centauro Quiiron.
Os ensinamentos de alguns animais, num total de vinte e seis, podem ser encontrados no livro "A sabedoria dos Animais", de minha autoria, Carminha Levy e Álvaro Machado, que embarcou na nossa grande aventura de sermos um "Pedaço de Paz", Piece of Peace (veja detalhes em Como Nasceu a Paz Géia ), escrevendo e editando comigo, esse veículo sagrado, que se resgatar a Força e a Dignidade destes animais, com a "Intenção Clara" de restabelecer a Paz e a Harmonia junto à Humanidade.
O livro "A Sabedoria dos Animais" foi publicamente recomendado por Michael Harner no Congresso Internacional de Terapia Transpessoal em Manaus, em maio de 1996.
Carminha Levy
Carminha Levy
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