quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O AMOR QUE MOVE O SOL E AS OUTRAS ESTRELAS

Há frases que são imortais e que, uma vez encontradas, conseguem guiar e marcar nossa vida para sempre, como se tivessem sido escritas exatamente para nós. Quando amadurecemos, e compreendemos finalmente todo seu alcance e seu real significado, tornam-se pedras milhares de nossa caminhada pelo planeta Terra.

Uma pessoa que me lembraram de homenagear aqui hoje é um poeta italiano do século XIII, cuja magnífica obra de alcance universal A Divina Comédia, considerada a principal peça literária de todos os tempos -e que ainda fez do dialeto toscano o idioma oficial da Itália-, foi a grande responsável por produzir muitos desses marcos indeléveis.

Vidanova, o nome original deste Site quando foi criado em 2000, foi inspirado em um dos primeiros livros de Dante Alighieri, o Vita Nuova, que traz em seu bojo o roteiro, a alma da Divina Comédia, a transformação do poeta na percepção da missão de sua existência e que começa assim: - Naquela parte do livro de memórias da minha vida, onde pouco se podia ler, encontra-se agora uma frase: 'Inicia a vida nova'.

A partir deste ponto, encontro as palavras que desejo colocar no livro, se não todas, ao menos a essência, digna de ser comunicada a todos.

Nem lembro como entrei em contato com aquelas linhas, mas foi fortíssima e inesquecível a vibração que senti naquela ocasião... de fato pouco havia realizado de verdadeiramente importante até aquele momento, mas bastante movimento poderia ser realizado em prol dos irmãos de jornada a partir do "Vidanova"! Foi um momento mágico, único, uma onda arrebatadora da energia do Universo passou por mim e não deixei escapar, pegando carona com ela e com Dante, presença fundamental no coração e mente -desde os primeiros dias de escola-, de todos os italianos.

A Divina Comedia não é simples literatura medieval; na realidade representa a primeira grande Viagem Astral narrada em verso e prosa na historia da Humanidade. Toda alma se identifica com seu conteúdo, sua narração intensa e cativante de episódios que estão gravados bem a fundo em nosso inconsciente, na história da Humanidade.

Ainda que precisasse satisfazer, ou driblar de alguma maneira o patrulhamento e os dogmas da Igreja, a obra-prima escrita à mão em poucos exemplares -Gutemberg e suas prensas de impressão ainda estavam a 300 anos de distância-, foi conhecida e estudada em toda a Europa, permanecendo viva e atual nos dias de hoje, motivando novas interpretações acerca de seus versos mais herméticos.

O incrédulo Dante é acompanhado nessa sua experiência em outras dimensões por dois Guias especiais: Virgilio, poeta da Roma pré-cristã, imortalizado por sua obra "Eneida", seu mestre predileto e inspirador, e Beatriz (portadora de beatitude -o grande e platônico amor do escritor desde sua infância-, o Anjo que proporciona a evolução espiritual dele na Terra; a forte, serena e indispensável figura feminina, falecida ainda muito jovem).

A primeira parte do livro detalha o Inferno, ou Astral Inferior, a porta de entrada e, com certeza, a parte mais obscura, pesada, dramática de toda a obra, além de ser a mais lida, conhecida, comentada. (Não é à toa que ainda hoje o que dá audiência são as desgraças, as situações desesperadoras e macabras). Lá o sofrimento e a dor imperam entre as almas que se entregaram sem freios às paixões mais baixas e violentas; desperdiçaram sua vida na Terra e inutilmente pedem agora por uma segunda chance.

A estrutura deste lugar sombrio é como a de um funil, composto por nove círculos, cada vez menores, ocupados pelos mais diferentes tipos de pecadores que enfrentam desde o insuportável calor do fogo ao frio polar, ruídos ensurdecedores e ataques incessantes por parte de enxames de insetos ou animais ferozes. Mas antes desta porta, pela qual ninguém retorna, Dante nos narra ainda do ante-inferno, a morada astral dos indecisos, dos omissos, dos acomodados, dos medrosos que escolheram ficar em cima do muro e não assumiram compromissos, pois temiam se envolver de fato em qualquer projeto, esperando sempre por melhores oportunidades. O que eles fazem por lá? Correm atrás de uma bandeira desfraldada que se movimenta, mas não leva a lugar nenhum.

As descrições sobre o Inferno são deveras terríveis e coincidem com os relatos contidos em muitos dos livros psicografados por Chico Xavier, incluindo "Nosso Lar" que, em sua versão cinematográfica, mostra o médico André Luiz vagando desesperado no umbral em meio a seres aterrorizados, embrutecidos, desfigurados, até ser finalmente resgatado e internado em um hospital do Astral para se recuperar dos profundos ferimentos da alma e seguir sua jornada, agora na Luz e no serviço ao próximo.

O livre-arbítrio é sempre colocado em destaque, mas só pode ser exercido em vida e determina inexoravelmente qual será o destino das almas após a passagem.

Na segunda parte da Obra é mostrado o Purgatório, como uma montanha com sete andares concêntricos, emergindo das águas (para a purificação) em sua base e apontando para o Céu, sendo considerado um espaço transitório, intermediário entre o castigo infernal e a contemplação da presença divina que premiará os seres despertos e libertos de todas suas limitações terrenas.

 O Paraíso, tão pouco lembrado, talvez pelo fato de as virtudes não despertarem tanto interesse, é constituído por nove círculos, regidos pelos planetas do sistema solar e as estrelas, todos contidos no Empíreo, o Céu de Luz plena, a morada de Deus. Os habitantes destes círculos virtuosos são vistos muito raramente por Dante, devido à sua constituição sutil, etérea, mas percebidos em função de suas virtudes exercidas na Terra, tal como a justiça, a sabedoria, o amor incondicional e as obras do bem. Aqui reina a vibração sutil da divina presença, a exaltação da Criação que se expressa por intermédio de uma Luz fortíssima e de sons puríssimos e angelicais, capazes de plasmar a harmonia perfeita do Universo. Neste lugar abençoado as almas são vistas como feixes de Luz e Dante não encontra nesta dimensão referência alguma de elementos terrestres.

Por absoluta falta de espaço é impossível aprofundar-me aqui além desta introdução básica.
O que me motivou a escrever este texto, além de homenagear o poeta, foi ter descoberto o fato que os três cânticos da Divina Comedia terminam todos com a palavra "estrelas", sempre deixando esperança de redenção aos seres humanos em qualquer situação se encontrem... encarnados ou já em outro plano, tendo passado de fase ou ficado de segunda época em algum canto escuro... confiram:
- "E então saímos para rever as estrelas" (Inferno);
- "Puros e dispostos a subir às estrelas" (Purgatório).
E por fim a percepção do grande e sábio poeta que encanta, ilumina, conforta e que serviu de titulo para o boletim:
- O amor que move o sol e as outras estrelas... (o Paraíso)!
Sim, um hino ao amor, a vibração primeira, a que governa o Universo, nossas vidas, tudo, o Todo. Somos Luz das estrelas condensada; o que nós espera é nada menos que a reunião com Deus Pai/Mãe, como filhos e filhas amados e conscientes de nossa única e preciosa contribuição ao plano Espiritual, ao Cosmos.
Vamos lembrar de nossa linhagem divina e fazer cada momento de nossa vida valer a pena?
Vamos triunfar hoje, já, sobre todas as limitações, a apatia, a separação, a dúvida, a ilusão, os bloqueios?
Vamos viver a vida irradiando amor, com entusiasmo no coração, cientes de que a Luz e as Estrelas são infinitamente mais poderosas que as trevas!
Sim, somos um só! A hora é agora!

Agradeço aqui os queridos e pacientes Guias e mais a turma toda que permite que o site exista: Rodolfo, Sandra, Teresa, Marcos, Anderson, Ian, Lidiane... e Você!

Namastê (O Deus que É em mim saúda o Deus que É em Você).
Sergio

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